''Bem...Me lembro de quase nada quando moramos em Ipatinga, interior de MG, também tenho uma vaga lembrança de quando moramos numa casinha de assoalho, velhinha na fazenda do meu avô, pouca coisa trago nessas lembranças pois devia ter lá os meus 5 anos de idade, me lembro muito bem da casa, vagamente de ter visto a minha mãe prometer uma garrafa de refrigerante para a minha irmã mais velha aprender chamar ela de mãe, e de minha mãe nos ensinando duas canções, uma era minha e a outra da minha irmã mais velha, a minha era...''Abre a porta mariquinha, eu não abro não, você veio da pagodeira, vai curar sua canseira bem longe do meu colchão... E a da minha irma era...''Abre a porta ou a janela, venha ver quem é que eu sou, eu sou aquela desprezada e foi você quem desprezou, kkkk, tadinha da minha mãe, só sabia cantar isso pra gente..
Me lembro também de quando moramos em Piracicaba SP, ficamos um tempo na casa do meu tio, depois fomos morar de aluguel numa casinha na rua silva jardim no número 1.518, é emprisionante eu ainda me lembrar desse endereço depois de 35 anos terem se passado, pois naquela época eu tinha 6 anos apenas. Quando se é criança tudo é maravilhoso, tudo parece um sonho... Me lembro que todos os dias a gente ia dar a volta no quarteirão, eu mais os meus 4 irmãos, me lembro de um cachorro ter corrido atrás de mim numa dessas voltas, me lembro de termos apelidado uma moça linda que nos dava atenção, gostava tanto dela que a apelidei por chiritoquinha, pai eterno nem nunca vi esse nome kkkk, éramos pobres nesta época, não sei quanto tempo moramos ali, mas não foi muito. Depois me lembro que fomos morar em um sítio na região de Cotia também em SP. numa casinha no terreiro da casa do meu avô, ele morava ali tomando conta do sítio, meu avô por parte de mãe, são tantas lembranças dali...Mas a que mais trago na memória, e de ver meu pai se levantando de madrugada para ir trabalhar e ele sempre ligava o rádio, e sempre cantava aquela música...'' Não há, o gente ó não, luar como este do sertão...'' achava triste mas era a canção que embalava o meu amanhecer sempre. nessa época é que eu tinha 6 anos, em piracicaba eu tinha 7, e acho também que moramos primeiro no sítio, depois mudamos para Piracicaba, e de lá voltamos para o nosso cantinho, onde era nosso de verdade, e de onde saíamos sempre para morar em outros lugares, mas no fim, sempre voltávamos pro mesmo lugar...
Era uma casa humilde a beira de uma cachoeira maravilhosa que eu amava, esta ai mesmo da fotografia ao lado...A casa era grande, tinha uma cozinha, a que se chama de copa para os da cidade, mas para nós era a salinha de jantar, não sei porque esse nome, nunca comíamos lá kkk, tinha 3 quartos pequenos, um corredor que cabia uma cama e sobrava um espacinho pra passar, uma sala não grande mas comprida, onde tinha uma mesinha com uma tv preto e branco e um jogo de sofá velho, era de assoalho o chão, por baixo da casa formava um espaço entre a casa e o chão, que a gente chamava de ''debaixo do assoalho, ali era onde guardava se a lenha que muito penosamente minha mãe e nós buscávamos na cabeça, ela gostava de manter lá sempre cheio de lenha, pois no tempo da chuva, haveria madeira seca para ascender o fogo na fornalha, a casa era bem próximo a cachoeira, e lá era o nosso tudo, lugar de tomar banho, lavar roupa, as vasilhas sujas..No início que voltamos de Piracicaba pra lá, iluminávamos com luz de queiro zene, aquilo fedia... eu era ainda bem criança, mas me lembro de estar sempre com uma tristeza no meu coração cada vez que a noite chegava e a gente iluminava com lamparina, achava a noite tão triste, tinha tanto medo... sentia uma coisa ruim era como se a escuridão parecesse a morte, sei lá era triste nem sei explicar hoje o que sentia mas não gostava.
''Aconteceu Comigo''
Me lembro de uma vez, meus pais estarem sentados na sala jogando baralho e eu ali por perto, pois sempre fui muito garrada no meu pai, e estava sempre por perto, e meus outros irmão brincando no quarto, quando minha mãe me pediu para que eu fosse na cozinha colocar quero zene numa das lamparinas que estava quase apagando, então eu peguei ela e sai pela casa andando bem divagar coma mão tampando o vento para o fogo não apagar já que estava bem baixo, me lembro como hoje de como era aquela lamparina, bem passei pelo corredor, depois pela salinha de janta, quando cheguei na porta para entrar pra cozinha, vi que o fogo da fornalha estava bem aceso e iluminava tudo ao redor, e era a única luz ali, em seguida olhei pra porta que dava pro terreiro, ela estava reganhada até no canto, la fora parado bem de frente a porta, tinha um cachorro parado me olhando, nós tínhamos cachorros eu acho, não me lembro bem mas deve que tínhamos porque pelo que me lembro nunca ficamos sem ter 2 ou 3 cachorros no terreiro, tudo bem mas aquele que estava ali me olhando não era nosso, disso eu tinha certeza, ao vê-lo, eu disse ''Sai cachorro'' ele nem se abalou do lugar, ai eu bati com o pé no chão e disse mais alto ainda, foi quando ele começou a andar indo embora pela minha esquerda mas lá fora claro, só que quando chegou no rabo dele, o rabo era como fogo e não acabava de passar enfrente a porta, me lembro de ter dado um grito e saído correndo de volta pra sala, onde meus pais já iam ver o que tava acontecendo, o resto dos meninos já vieram correndo e com medo também, eu contando ao mesmo tempo, e meu pai pegou a espingarda de caçar e saio pelo escuro procurando o tal do cachorro, mas não achou é claro, não sei se era o coisa ruim ou se era o medo que me fez ver aquilo, mas eu sei o que vi e quando conto essa história pareço estar vivendo ela, me lembro de cada detalhe... Graças a Deus que nunca mais vi esse tal cachorro outra vez kkk.
Era um sonho morar ali, a gente apesar de pobres eramos felizes, tinha muita água no terreno, o que facilitou para que meu pai colocasse um gerador de energia, ele dava muito trabalho, tínhamos que ta sempre limpando a tirada de água que ia pra caixa que o tocava, época chuva era água de mais, na seca água de menos, ele fazia um barulho que todos os vizinhos escutavam, tinha aquele trabalho de ir todo dia a tarde ligar, e todo dia de manha desligar, eu ligava minha irmã desligava, quando a correia arrebentava era aquela luta para emendar, ficava a uns 200 metros da casa e caminhar ate la tarde da noite pra ver o que tinha acontecido quando a luz apagava era dureza, mas valia a pena tudo isso pois era assim que somente nós ali naquele mato tinha energia e tv em casa. Quando fiz 8 anos minha mordomia acabou, ai comecei a ajudar meu pai na lavoura, e naquela época era muita roça pra gente plantar, capinar e colher depois. me engrenei nessa luta e demorei pra sair dela,ajudávamos em tudo. nesse meio tempo, minha mãe ja avia arrumado mais 2 filhos, uma menina e um menino.
'' O MOMENTO MAIS TRISTE NA FAMÍLIA''
Me lembro também de quando moramos em Piracicaba SP, ficamos um tempo na casa do meu tio, depois fomos morar de aluguel numa casinha na rua silva jardim no número 1.518, é emprisionante eu ainda me lembrar desse endereço depois de 35 anos terem se passado, pois naquela época eu tinha 6 anos apenas. Quando se é criança tudo é maravilhoso, tudo parece um sonho... Me lembro que todos os dias a gente ia dar a volta no quarteirão, eu mais os meus 4 irmãos, me lembro de um cachorro ter corrido atrás de mim numa dessas voltas, me lembro de termos apelidado uma moça linda que nos dava atenção, gostava tanto dela que a apelidei por chiritoquinha, pai eterno nem nunca vi esse nome kkkk, éramos pobres nesta época, não sei quanto tempo moramos ali, mas não foi muito. Depois me lembro que fomos morar em um sítio na região de Cotia também em SP. numa casinha no terreiro da casa do meu avô, ele morava ali tomando conta do sítio, meu avô por parte de mãe, são tantas lembranças dali...Mas a que mais trago na memória, e de ver meu pai se levantando de madrugada para ir trabalhar e ele sempre ligava o rádio, e sempre cantava aquela música...'' Não há, o gente ó não, luar como este do sertão...'' achava triste mas era a canção que embalava o meu amanhecer sempre. nessa época é que eu tinha 6 anos, em piracicaba eu tinha 7, e acho também que moramos primeiro no sítio, depois mudamos para Piracicaba, e de lá voltamos para o nosso cantinho, onde era nosso de verdade, e de onde saíamos sempre para morar em outros lugares, mas no fim, sempre voltávamos pro mesmo lugar...
Era uma casa humilde a beira de uma cachoeira maravilhosa que eu amava, esta ai mesmo da fotografia ao lado...A casa era grande, tinha uma cozinha, a que se chama de copa para os da cidade, mas para nós era a salinha de jantar, não sei porque esse nome, nunca comíamos lá kkk, tinha 3 quartos pequenos, um corredor que cabia uma cama e sobrava um espacinho pra passar, uma sala não grande mas comprida, onde tinha uma mesinha com uma tv preto e branco e um jogo de sofá velho, era de assoalho o chão, por baixo da casa formava um espaço entre a casa e o chão, que a gente chamava de ''debaixo do assoalho, ali era onde guardava se a lenha que muito penosamente minha mãe e nós buscávamos na cabeça, ela gostava de manter lá sempre cheio de lenha, pois no tempo da chuva, haveria madeira seca para ascender o fogo na fornalha, a casa era bem próximo a cachoeira, e lá era o nosso tudo, lugar de tomar banho, lavar roupa, as vasilhas sujas..No início que voltamos de Piracicaba pra lá, iluminávamos com luz de queiro zene, aquilo fedia... eu era ainda bem criança, mas me lembro de estar sempre com uma tristeza no meu coração cada vez que a noite chegava e a gente iluminava com lamparina, achava a noite tão triste, tinha tanto medo... sentia uma coisa ruim era como se a escuridão parecesse a morte, sei lá era triste nem sei explicar hoje o que sentia mas não gostava.
''Aconteceu Comigo''
Era um sonho morar ali, a gente apesar de pobres eramos felizes, tinha muita água no terreno, o que facilitou para que meu pai colocasse um gerador de energia, ele dava muito trabalho, tínhamos que ta sempre limpando a tirada de água que ia pra caixa que o tocava, época chuva era água de mais, na seca água de menos, ele fazia um barulho que todos os vizinhos escutavam, tinha aquele trabalho de ir todo dia a tarde ligar, e todo dia de manha desligar, eu ligava minha irmã desligava, quando a correia arrebentava era aquela luta para emendar, ficava a uns 200 metros da casa e caminhar ate la tarde da noite pra ver o que tinha acontecido quando a luz apagava era dureza, mas valia a pena tudo isso pois era assim que somente nós ali naquele mato tinha energia e tv em casa. Quando fiz 8 anos minha mordomia acabou, ai comecei a ajudar meu pai na lavoura, e naquela época era muita roça pra gente plantar, capinar e colher depois. me engrenei nessa luta e demorei pra sair dela,ajudávamos em tudo. nesse meio tempo, minha mãe ja avia arrumado mais 2 filhos, uma menina e um menino.
'' O MOMENTO MAIS TRISTE NA FAMÍLIA''
Tudo ia muito bem, até aquela manhã que não me lembro nem o dia nem o mês, nesta época eu tinha exatamente 11 anos de idade, bem o dia amanheceu normal, sol quente trabalhos a fazer, nesse dia teríamos que guardar um milho que ainda na palha, claro, estava amontoado no terreiro da sala, bem na porta do paiol, que era uma casa de tábuas paredes e chão, e que era também o local onde se guardava o milho colhido pelas nossas próprias mãos, ali tínhamos que ficar cá fora e ir jogando espiga por espiga la pra dentro do apiol ate guardar tudo, estávamos todo mundo inter tidos com isso, minha mãe avia saído e ido lá na horta que era exatamente do outro lado do rio, ai mesmo neta foto, atravessava a água, descia essa pedra escurecida ai e nesse campo de mato logo adiante tinha uma horta, essa foto não é do meu tempo, naquele tempo não avia esse mato todo nas pedras era tudo limpo e essa primeira pedra ai envolta por esses matos ficava no meio da aguá, e era exatamente ai que lavávamos roupas... Bem continuando, tudo ia muito bem até minha mãe voltar da horta e perguntar...'' Cadê o Edmar gente? Edmar era o nome do meu irmãozinho mais novo que naquela época tinha um ano e 5 meses, com essa pergunto todo mundo se deu conta de que o menino não estava mesmo ali, todo mundo começou a procurar pela casa em volta mas nada de acha-lo, nisso o desespero e os maus pressentimentos já foi tomando conta de todo mundo, era óbvio
que alguma coisa ruim tinha acontecido, me lembro que meu pai saiu rumo ao caminho do munho era uma trilha que dava até onde estava o gerador de luz, onde de um lado estava um rego onde passava a água que tocava o moinho de fazer fubá, e o gerador de luz, e lá embaixo do outro lado desse caminho passava o rio, estreito e tranquilo entre bengos , e de cá de sima dava pra ver tudo lá em baixo, me lembro que eu e minha mãe estávamos exatamente olhando uma tirada de água que descia embaixo dessa árvore ai desta foto que agora só se tem matos, quando ouvimos o meu pai dar um berro aterrorizante, não me lembro o que ele disse , mas saímos correndo naquela direção ao chegar ele ja estava pulando no rio para pegar o menino que boiava de barriga para baixo com uma blusinha branca pedaço de um maca cãozinho que minha mãe tinha cortado e deixado só a blusinha, pois era assim que as mães faziam na roça, cortava quando já não estava servindo mais e aproveitava a parte de sima que dava uma blusa de frio. Que sena aterrorizante e triste, imagina um pai ver seu filho la em baixo no rio morto sendo levado lentamente pelas águas... Meu Deus! não existe nada que relate de verdade essa cena lamentável, o mundo acabou para todos nós, meu pai saio de lá com ele nos braços, correndo pra casa minha mãe desesperada eu chorando atrás... foi o pior dia de nossas vidas, eu me lembro de ter pegado ele no colo... que tristeza, ele era lindo, alegre, nessa época passava a novela ''Um sonho a maia na rede globo, e todos os dias na abertura da novela, ele ficava dançando aquela música do Roupa Nova que era o tema de abertura da novela... Ele adorava essa música e eu nunca me esqueço disso cada vez que a escuto...
Foi algo que abalou todos da família, a morte dessa criança foi a coisa mais inexplicável que ja aconteceu em nossas vidas, porque para os que conheciam o lugar era impossível aquela criança ter caído nas águas e estar ali em tão poucos minutos, se fosse de fato como deveria ter sido através do verdadeiro trajeto do rio, que seria o óbvio naquela situação, ele ainda não teria chegado ate ali, por seu muito longo demais, por outro lado a outra opção se tornou mais impossível ainda porque uma criança de um ano e 5 meses nunca atravessaria uma água subiria numa pedra para cair em outro lugar, isso seria mais impossível ainda para a gente que conhece o local onde supostamente tudo aconteceu...
Bem nos dias que se seguiram foi os piores de nossas vidas, era muita dor em nossos corações, meus pais resolveram então mudar de perto da cachoeira, não pra outro lugar mas construir uma nova casa ali mesmo no terreno porem mais longe do rio, com essa decisão e para amenizar o sofrimento, resolvemos ir todos pra SP outra vez, passar uns tempos na casa dos meus avós pais de minha mãe até que meu tio levantasse uma casinha pra gente longe daquelas águas...
''A VOLTA''
Não sei por quanto tempo ficamos em SP, talvez uns dois meses, quando voltamos meu tio avia levantado uma casinha meio esquisita pra gente morar , na mesma direção da cachoeira porém mais longe numa vage que ficava atrás de umas moitas de bambus enorme que avia no terreno, para quem não conhece esse nosso modo de dizer, ''vage'' significa um terreno plano sem altos e baixos. Pensa numa casinha esquisita, coberta de telhas amianto tinha 3 cômodos compridos, a gente dormia na que seria a sala, era um amontoado que só, já estávamos mais conformados emboras as vezes eu me lembro de pegar num choro sem fim, e minha mãe também coitada, mudamos pra essa casa isso era provisório logo logo meu pai levantaria a outra maior, derrubamos a da beira do rio, eu ajudando em tudo, lá era gostoso, tinha um curral logo no terreiro da sala, uma porteira saindo pra estrada... uma casinha coberta de taquaras no fundo onde ficava o forno de assar quitanda e a engenhoca de moer cana... logo ao fundo tinha uns pés de mexerica...mas aquilo tudo teria que virar passado, em pouco tempo tudo aquilo seria só monturos de terra que permanecem até hoje lá, tudo foi pro chão e começamos uma nova vida mais pra cá da cachoeira, achava tudo tão esquisito ali, aquela casa ... Ainda bem que duraria pouco pois meu pai ja avia engrenado na nossa nova casa que por sinal seria a maior de todas que eu ja avia morado, me lembro que uma vez deu uma tempestade e levantou o telhado da casa esquisita e tudo foi molhado, depois da tempestade só se via roupas aqui e ali para se secarem ao sol, foi uma luta... Mas logo ja morávamos na casa nova que é exatamente esta nesta imagem abaixo...